quarta-feira, 28 de maio de 2008

Com muito orgulho e muito amor bis

Oh eu aqui de novo!
Pois é... porque a Fernanda me enviou também o curriculum dela, que é Psicóloga – Psicanalista além de Produtora Cultural, compridão e rico até de mais hehehe
Então, ela vai me perdoar se não o publico, mas podem acreditar que com ela ta chegando aqui em Genova uma intelectual e produtora de cultura brasileira de muito valor, que a gente tem que ser orgulhosa mesmo.
Inclusive, a agradeço por ter compensado minha ignorância sobre a jovem mas excelente cantora Elisa Gatti, que na mensagem anterior da anterior nem sequer tinha conseguido apresentar de nenhuma forma.
Agora, a Fernanda me enviou também um monte de fotos de todos eles - que de repente vou publicar outra vez - e de material do pai dela, que vou publicar nesta mensagem, e da Vera Lúcia de Oliveira e do Cássio Junqueira, que vou publicar em outras mensagens.
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Antônio Lázaro de Almeida Prado
ANTÔNIO LÁZARO DE ALMEIDA PRADO - Nasceu em Piracicaba, em outubro de 1925. Poeta, ensaísta, tradutor e jornalista, é Doutor e Livre-Docente em Língua e Literatura Italiana pela Universidade de São Paulo, onde lecionou de 1953 a 1958. Transferiu-se para a UNESP (campus de Assis, onde fundou o Curso de Letras), aposentando-se em 1982. É Professor Emérito da Faculdade de Ciências e Letras, e ali, depois de Titular Fundador da Cadeira de Língua e Literatura Italiana, passou a Titular de Teoria Literária e Literatura Comparada. Entre as teses publicadas, destaca: "O Acordo Impossível, Ensaio sobre a forma interna e a forma externa na obra de Cesare Pavese" e "Itinerário Poético de Salvatore Quasimodo". Dentre as suas traduções cita-se a obra de Giambattista Vico, publicada pela coleção Os Pensadores da Editora Abril. Em poesia, o livro "Ciclo das Chamas" foi lançado recentemente pela Ateliê-Editorial, reunindo parte de sua produção poética, inclusive os poemas constantes desta Antologia Digital. A foto ao lado foi tirada por sua neta Daniela de Almeida Prado Camargo, no lançamento de "Ciclo das Chamas".
Contatos: Fernanda de Almeida Prado (filha e Agente Literária do autor) —mailto:feraprado@gmail.com
O MUDO FALANTE
O ar, o sol, o sal, a salamandra
O giro, o risco, o vértice, a vertigem
E a dança, o salto, a chama, a chispa, o
Enxame, o rodopiar, o saltimbanco

O lance, o tremular, a chama e centelha,
A queda, a propulsão e o tresloucado
Vórtice. Evoé! alma... Evoé! corpo!
Juntos à roda do leste círculo...

Que o canto só desponte no mutável
Jamais horizontal, sempre ondulante
E suba e desça, e gire, rodopiante
E faça circulante a quadratura.

A ciranda da mente, o sagacíssimo
Elã de fulgurantes emoções
E o ritmo do rapto, corretivo
À tarda tartaruga dos instantes.

Evoé! corpo, evoé! alma, falésias, evoé!
E vamos para a audácia, para o salto
Triplo do vórtice, em girândola.

O ar, o mar, o sol, a salamandra
Incendiada, para além, para além
Jamais parando, num rapto que faz o vento
Semelhante a trôpega serpente claudicante.

O ar, o sal, o sol, a salamandra...

Antônio Lázaro de Almeida Prado
Ciclo das Chamas e outros poemas

INVENÇÃO DA ALEGRIA
Há quem cultive a dor,
Eu invento a alegria.
De todo o meu amor,
Que vale mais que o dia,
Quero legar a história,
Quero deixar ao vento
(sem ais e sem lamento)
Uma justa memória
E enxuta fantasia.

Há quem celebre a morte,
Eu festejo a alegria.
Por graça ou por esporte
Ou mesmo por mania,
Quero inventar a vida,
Quero o melhor carinho
Doar a meu vizinho
Como a melhor partida
De sonho ou de poesia.

Há quem festeje o pranto,
Eu invento a alegria,
Razão maior do canto,
Antes que a cotovia
Arquive o nosso idílio,
Cancele o meu futuro,
Razão maior do puro
Clarão deste meu círio
Votado à alegria.

Poeta Antônio Lázaro de Almeida Prado

CONSTRUÇÃO
Envolver o Mundo
Em abraço estreito
Como se meu peito
Com vigor fecundo
Fosse todo feito
Só para esse efeito
De um amor profundo.

Abraçar a Vida
Com total ternura
Como se de pura
Luz impressentida
Fosse a tessitura
(sem taxa ou usura)
por todos fruída.

Construir a Terra
Sementeira farta
Que o pão reparta
Onde não se encerra
Onde não se enterra
Fruto, ciência ou carta,
Como quem se aparta.

Entoar um Canto
Alegre, jocundo:
Bem, de todo mundo
Bem, que não se oculta
Bem, que não insulta
Bem, que não se enterra
Mas que abraça a Terra.

Ciclo das Chamas e outros poemas
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Professor Emérito fundador da UNESP(Campus de Assis)

NÃO DÊS AO TEMPO...
Não dês ao tempo
Mais do que ele merece.

Relógios, clepsidras, ampulhetas
Fusos, meridiano e solstícios
Aguilhoam a vida:
Esse contínuo,
Perpetuamente móvel.

Não dês ao espaço
Marcos, estelas, coordenadas,
Que só fazem fracionar
O imensurável.

Mutante e mutável,
Imenso, o coração
(Teu, meu, nosso...)
não se contenta
com frágeis fragmentos
mensuráveis.

Ao encontro do Amor,
Isento de fronteiras,
Deixa que pulse
Teu coração dinâmico,
Isento de medidas...

Antônio Lázaro de Almeida Prado
Ciclo das Chamas e outros poemas

DE CORPO INTEIRO
Este modo único
Levarei comigo
De um ousado tímido.

Este padrão lúdico
Levarei comigo
E meu olho clínico.

O meu ser translúcido
Levarei comigo
E o sorriso irônico.

Detestando o cínico
Levarei comigo
Meu teor dramático.

Pobre perdulário
Levarei comigo
O apetite místico.

Débil ser telúrico
Levarei comigo
O meu jeito errático

De maneira lúdica
Encarei a vida
Como um fruto mágico.

E meu timbre excêntrico
Levarei comigo:
Solidário e...único...

Antonio Lázaro de Almeida Prado
Ciclo das Chamas e outros poemas


AURORA DE TEMPOS NOVOS...
Dividamos o pão, o sonho, a aurora,
Com alma solidária e mão aberta,
Que a urgência do tempo nos aperta.
E não suporta o amor pausa ou demora.

Seja o tempo do encontro, logo agora,
Com as provas de amor, em hora certa,
E, pronto para a amizade, sempre alerta
Esteja o coração, a toda hora.

Fraterna seja a vida; o amor, fraterno,
E tudo se entrelace num abraço,
Que seja muito estreito e muito terno.

Triunfe a luz do amor, anule o espaço
E se abra para o novo, para um eterno
Arco-íris, sem entrave ou embaraço...

Antônio Lázaro de Almeida Prado
Ciclo das Chamas e outros poemas
Ateliê Editoral


Ode à violeta
(Para Fernanda Maria Bueno de Almeida Prado)
Discreta em seu perfume e em sua forma
Deixa à rosa o encanto e a surpresa;
Esconde-se por sempre ter por norma
Viver da pura essência da beleza.

Não exibe o esplendor do girassol,
Nem se mostra atraente e exibida;
Não pretende ofuscar a luz do sol
E a difusão total da margarida.

Basta-lhe ser perfeitamente bela,
Sem demasiado apelo ou forte chama:
O seu próprio fulgor jamais revela,
E seu total encanto não proclama.

Ah! Flor discreta, humilde borboleta,
Contente apenas com sua graça rara,
Jamais no que é excessivo ela se ampara,
E encanta, sendo apenas... violeta!...

Antônio Lázaro de Almeida Prado
Assis, 8 de abril de 2007- Páscoa

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